quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Sobre a saudade do filho único e o medo de ser mãe de dois

O Enzo fará cinco anos em março e eu já sinto vontade de ter outros filhos, mas tenho muito medo também. E saudade. Quando penso no assunto me pego com saudade antes mesmo de engravidar de novo. Saudades de ser só dele, de me dedicar por inteiro a ele, olhar em uma única direção, em que apenas ele já me basta. 

Não consigo lembrar-me de como foi viver sem o Enzo um dia, tão pouco posso imaginar como seria no futuro ter outros filhos. Mas, mesmo sabendo que não há a possibilidade de uma mãe não amar suas crias, tenho medo. Medo de não conseguir sentir a mesma coisa, medo de não conseguir educar duas crianças ao mesmo tempo e mais medo ainda de como a vida do Enzo pode mudar quando ele tiver um irmão. 

No entanto, como isto ainda não aconteceu comigo, eu resolvi conversar com duas mães que em breve irão vivenciar esta experiência – que não tem mais volta. 

Isabele Fernanda - mãe da Valentina, 3 anos. 
Grávida de 20 semanas. 

Para Isabelle, a saudade e outras sensações começaram quando o teste de gravidez deu positivo. “Aah! já sinto saudade, pois sei que daqui uns meses não seremos mais apenas nós duas e ela adora fazer essas coisinhas de mãe e filha. Já dá saudades de dormir agarradinha, do colo, que logo mais terei que dar para dois”. 

Assim como eu, Isabelle também tem medo de não conseguir amar tanto o bebê como ama a Valentina e, principalmente, de não corresponder às expectativas das pessoas, e dela mesma, na educação dos filhos. “São tantas preocupações! Não quero que a Valentina se sinta rejeitada quando eu der mais atenção ao recém-nascido, que no começo vai precisar muito de mim”. 

Perguntei a Isabelle o que ela falaria hoje para a filha que está prestes a compartilhar a família com seu irmão e mãe explicou que prefere tratar o assunto com naturalidade. “Quero dizer que vem aí um companheirinho para brincar e um bebê para ela ajudar a mamãe cuidar (risos), mas que a nossa vida vai ser a mesma, só que com uma pessoa mais. E que eu irei criar um ambiente protetor, amoroso e com muito carinho sabe?! Quero que sejam amigos de verdade. Sei haverá brigas, ciúme, mas que o amor entre eles supere”.  
                     
Edivânia Gonçalves - Mãe da Maria Cecília, 1 ano e 9 meses. 
Grávida de 15 semanas. 

A saudade para ela também chegou junto com a notícia de que estava grávida de novo e se deu conta de que a filha de fato não era mais um bebê. “Percebi que a Maria Cecilia já havia crescido, nem de colo gosta mais e que dali para frente eu teria a oportunidade de viver tudo aquilo de novo, só que agora não seria com ela. A minha maior saudade é e sempre será dela deitada quietinha enquanto eu podia olhar e admirar aquele Ser tão lindo que eu consegui fazer”, conta a mãe. 

Sobre os medos Edivânia garante que tem todos eles. São tantas duvidas que ela já questionou se estava mesmo na hora de ter outro filho. “O medo hoje é de deixá-la no momento em que eu precisar ir para a maternidade dar à luz e ela sofrer com a minha ausência. Assim como não sei com será o retorno para casa, com um bebê no colo. Tenho medo da reação dela e do cansaço os primeiros dias tornarem as coisas mais difíceis”. 

E o medo número um entre as mães também está incomodando o coração da Edivânia: não conseguir amar o segundo filho como ama o primogênito. Ela está apreensiva com essa possibilidade e até preocupada se dará conta do recado. “Sempre cuidei da Maria Cecília sozinha, desde que saímos do hospital. Mas e depois, quando forem dois, como será?”. 

No entanto, mesmo com tantas dúvidas, ela sabe que o amor não será dividido entre as crianças e sim multiplicado. Entende que Deus a acha capaz de cuidar e amar os seus pequenos mesmo diante das dificuldades. “Eu vou ensiná-la o quanto é legal ter um irmão, ter um companheiro para brincar e até brigar às vezes”, diverte-se a mãe.  

Estas são histórias de apenas duas mães, mas sei que existem tantas outras por aí com o coração dividido entre ter apenas um filho e o desejo de aumentar a família. De uma coisa, nós mães, temos certeza: um filho é muito bom, já imaginou ter dois? Compartilhe com alguém que você conhece e vamos espalhar apoio e amizade por aí! Beijos. 

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