Antes de qualquer coisa, vale ressaltar que a psicóloga do meu filho, Walquíria Karolyne Brum Pavlak (a tia Karol), me autorizou a falar sobre o assunto e até me auxiliou em algumas dúvidas para escrever este texto com mais propriedade. Portanto, que fique bem claro que o que acontece dentro do consultório, fica no consultório. Este é um relato meu, de acordo com a minha experiência e realidade de vida, ok?!
Certa vez, logo que me separei, perguntei ao pediatra do Enzo se era necessário leva-lo a um psicólogo. De forma simples ele respondeu: “Faça isso apenas quando perceber que sozinha não está sabendo lidar com as emoções dele”. Pois bem! Mais de um ano se passou e para mim esta hora chegou.
Enzo e eu passamos por momentos complicados desde o seu nascimento, quando eu tive depressão pós-parto e toda aquela carga emocional negativa acertou em cheio o meu pequeno bebê. Alguns dizem que isso é coisa da minha cabeça de mãe culpada, mas não! Todas aquelas emoções foram transmitidas a ele sim! Se isso deixou ou não cicatrizes no Enzo, já é outra história.
O fato é que meu filho sempre foi uma criança muito nervosa e chorona. Tirando a carga genética (porque eu também fui uma criança chorona) e um bocado de manha (Enzo é uma criança mimada), alguns comportamentos sempre me preocuparam desde o início: falta de paciência, irritabilidade e atualmente a ansiedade.
Aparentemente, o Enzo passou ileso pela separação de seus pais, que aconteceu há quase dois anos. Eu disse A-PA-REN-TE-MEN-TE. Afinal, mudamos de casa, de quarto, de rotina e o contato com o pai diminuiu. Mas, mesmo em meio ao furacão que envolve uma separação, procurei manter ao máximo os vínculos familiares e blindar o meu filho de tudo que tirasse a sua paz: as visitas à casa dos avós paternos continuaram com a mesma frequência, ele vai à casa do pai a hora que bem quer e é totalmente livre para escolher onde quer estar, fazendo apenas aquilo que realmente tem vontade.
E ainda assim, mesmo com todo o meu esforço em tornar aquela passagem de nossas vidas tranquila, com o tempo percebi que é impossível negar que muita coisa mudou para ele. Que além de todas as transformações, de repente apareceu um tio que a mamãe chama de namorado, que apesar de fazer tudo para que as coisas deem certo, é um alguém novo em nossa família.
Bem, por esses e tantos outros motivos, eu decidi procurar ajuda. Quis ajuda pela resistência dele em ir para escola todas as manhãs desde o início do ano. Ajuda pelas as vezes que o vi irritado sem um motivo aparente e pela falta de paciência em esperar o jogo carregar no celular. Procurei ajuda pela dificuldade dele em lidar com a frustração e a ansiedade que não o deixa dormir um dia antes daquela viagem que ele tanto gosta.
Karol é uma psicóloga alto astral, cativante e especialmente humana. Ela me ensinou que problemas todo mundo tem, mas procura um especialista aquele que deseja resolve - lo. E mesmo que o meu filho esteja bem e nós vencendo os desafios diários juntos e felizes, é preciso ensiná-lo a lidar com as emoções. “A criança, na maioria das vezes, não consegue falar como os adultos. Então elas precisam de um espaço para se conhecer e, através do brincar, o profissional terá um olhar de como ela está internalizando as situações que vivencia”, explicou.
Quero ajudar o Enzo a entender como funciona o mundo, a escola, a família, os amigos. Converso muito com ele e acredito que até demais, mas não consigo chegar lá no fundo, naquele lugarzinho que talvez só um especialista, que estudou durante anos, consiga alcançar.
Enzo está na terapia, mas a cada sessão tenho aprendido que não é apenas o meu filho que está se conhecendo, mas que na verdade nós estamos, juntos, nesse caminho do autoconhecimento. E quando digo nós, é pelo fato de que a cada encontro compreendo que não há como cuidar de um, sem cuidar do outro. A saúde mental dele depende da minha e vice-versa.
Como eu disse no início deste texto, esta é a minha experiência como mãe, de acordo com as situações vivenciadas por mim e pelo meu filho. Eu encontrei motivos para procurar um especialista e o meu coração está seguro esta decisão. Isto não quer dizer que, necessariamente, todas as crianças precisem ir a um psicólogo.
“Os pais devem procurar ajuda de um profissional quando a criança muda algum tipo de comportamento, por mais bobo, simples ou insignificante que seja e dependendo da frequência com que esse comportamento acontece. A família conhece a criança, sabe da sua rotina e de seu temperamento e irá perceber a mudança. Aí o motivo desta mudança será analisado pelo especialista”, explicou Walquíria.
Saúde mental é fundamental para uma vida plena e realizada. Os pequenos são seres em formação, que crescem e são moldados pela vida em sociedade e pelos desafios que o crescer traz, mas a família é a grande responsável pela estruturação psíquica da criança. E por isso é tão importante, neste processo, envolver todos aqueles que convivem com ela, pois manter o foco do tratamento apenas na criança pode impedir de ver a causa real dos sintomas.
Mas afinal, o que eu quero com este relato? Quero quebrar o tabu de que psicólogo é coisa de doido. Meu desejo com este texto é que você olhe nos olhos da sua criança, tenha tempo para perceber os sentimentos dela e reconheça o momento certo de agir para que ela se torne um adulto saudável e, acima de tudo, feliz.
Walquíria Karolyne Brum Pavlak
Clinica Plenna - (67) 98423-8320
Alcinópolis/MS
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