Durante
a gravidez muita gente vai te dizer o que fazer no momento da amamentação. Você
vai hidratar os seios, tomar sol nos mamilos e
fazer todas as simpatias que te ensinarem. Mas não adianta, os seios poderão rachar, doer e até sangrar.
Sem falar na pressão emocional e psicológica que uma mãe sofre na fase mais delicada, que é quando volta para casa com um recém nascido nos braços. Brota gente de todos os lados querendo te ensinar a amamentar o seu bebê, com dicas mirabolantes para tornar esta tarefa mais fácil. E ai, minha amiga, se tudo isso acontecer, você vai começar a perceber, na prática, que amamentar o seu bebê não é tão simples.
Mas
como mãe é feita de um material super resistente chamado amor, a gente supera
tudo isso, e muito mais, e logo se adapta às mamadas, inclusive as noturnas,
aquelas que te deixa com um lindo aspecto de zumbi da série The Walking Dead, e você começa a amamentar naturalmente. Será? Não, isso pode não acontecer. Nem toda mãe consegue oferecer amamentação exclusiva ao seu filho, como foi o meu caso.
Eu
sofri muito para amamentar o Enzo. Meu leite demorou cinco dias para começar a descer, tive depressão pós parto – que contarei em
outro texto para vocês – e tudo isso dificultou bastante. O momento das mamadas era
muito estressante pra mim (e pra ele). Eu ficava nervosa quando ele chorava por
não conseguir pegar o bico do seio e ele ficava irritado com o meu nervosismo. Era
um caos!
Até
hoje não sei bem o que pode ter acontecido, se não tinha leite o suficiente ou se
foi o momento delicado que eu estava vivendo (depressão). O fato é que amamentei bem menos do que eu desejava e só tive paz quando aceitei isso, decidi baixar a guarda e alimentar o meu filho de forma parcial - quando a criança recebe o leite materno
e outros tipos de leite.
Mesmo complementando com leite em pó, tivemos nossos momentos assim!
Como
os bebês não são bobos nem nada, logo ele percebeu que sugar o bico da
mamadeira era bem mais fácil que o do peito e, com apenas quatro meses, meu
menino já não queria mais “o tetê da mamãe”. Fazia carinha de nojo, era até
engraçado.
Na época fiquei triste, chorei, me culpei, senti inveja daquelas mães que só amamentavam no peito, tinha vontade de sumir quando uma pessoa me perguntava: "mama só em você?". Que preguiça! "Não, meu filho toma mamadeira também, é lindo, fofo e muito feliz, obrigada!".
Claro que a amamentação exclusiva para bebês até os 6 meses, além da amamentação continuada até 2 anos ou mais, é uma recomendação do Ministério da Saúde e um ato lindo de amor. Além de ser a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil.
Ok! Entendido! Mas eu não consegui amamentar o meu filho como gostaria e isso não me fez mais ou menos mãe. Dentro do possível, fiz o que pude para que o Enzo crescesse forte e
saudável. E olha só, não é que deu certo!?
Para a psicóloga Adriele Bocalan, especialista em psicoterapia da infância e da adolescência, um dos grandes problemas é o que NÃO é dito à mulher durante a gestação, como as dificuldades que ela irá enfrentar na amamentação, por exemplo. De acordo com ela, diante da pressão sofrida, a mulher desenvolve um forte sentimento de culpa e passa a questionar o motivo de estar passando por aquele sofrimento, já que o momento era para ser mágico e feliz.
"Quando vamos ser mãe, a sociedade, e até mesmo os profissionais de saúde, fantasiam que tudo será lindo, que o amor incondicional será capaz de tornar as coisas fáceis e, na verdade, como tudo na vida, a maternidade também tem o seu lado negativo. Quando a mãe percebe isso, vem a frustração", explicou.
Adriele é mãe da Julia, de 13 anos, e da Isabella, de 3 anos. Ela viveu na pele os dois lados da moeda: não amamentar e alimentar seu bebê apenas com o leite materno. Com o nascimento da filha mais velha enfrentou alguns problemas pessoais e, por conta do estresse, seu leite secou três meses após o parto. Já com a caçula sentiu-se mais confiante e teve leite suficiente para amamentá-la até um ano de idade.
Adriele e as filhas Isabella e Julia
Mesmo assim, se não der certo, tudo bem. Vida de mãe é isso, entre erros e acertos vamos seguindo com a doce e árdua missão de amarmos e educarmos nossas crianças para que elas cresçam saudáveis e felizes!
Um
beijo!
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